
13/05/2025
A coleta seletiva de lixo orgânico ainda é bastante limitada no Brasil, mas um município no interior do estado da Bahia começa a dar o exemplo do que é possível fazer. Com uma população estimada de 54 mil habitantes, segundo dados do IBGE, a cidade de Caetité, no semiárido baiano, acaba de lançar a coleta seletiva porta a porta de resíduos orgânicos domésticos.
Cerca de metade do lixo gerado no Brasil é composto por resíduos orgânicos, de acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). São restos de alimentos e resíduos de podas e jardins, que, em sua maioria, são descartados junto com o lixo comum e enviado para aterros, onde liberam gás metano -, um dos gases de efeito estufa mais potentes.
A coleta seletiva de lixo orgânico em Caetité vai desviar os resíduos orgânicos da disposição final inadequada, como a mencionada acima, e transformá-los em composto. Isso contribui diretamente para a redução das emissões. Os resíduos compostados podem virar adubo natural para a agricultura, além da ação por si só reduzir o volume de lixo nos aterros.
Na cidade baiana, a recolha e a compostagem dos resíduos coletados serão realizados no bairro Alto do Cristo pela cooperativa de catadores COOPERCICLI, beneficiando cerca de 200 famílias.
A COOPERCICLI de Caetité possui uma atuação de mais de uma década em reciclagem e o anúncio do início do projeto de coleta seletiva porta a porta vem em meio à Semana da Compostagem, período de mobilização anual dedicada à promoção da compostagem como estratégia para a gestão de resíduos orgânicos nacional.
“O projeto de compostagem desenvolvido pela cooperativa de Caetité se tornou um diferencial nas suas atividades, já que ainda são poucas as cooperativas no Brasil que realizam compostagem diretamente com catadores e catadoras”, afirma George Euzébio, Coordenador da COOPERCICLI. “A compostagem tem um papel fundamental na agenda ambiental, pois contribui diretamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Além disso, trata os resíduos orgânicos, que são os que mais pesam nos custos de destinação aos aterros”, explica.
A ação da cooperativa tem o apoio técnico do Instituto Pólis, por meio da iniciativa Brasil Composta Cultiva, que tem promovido uma série de ações voltadas à gestão dos resíduos orgânicos nos municípios brasileiros. O projeto visa reduzir o envio de resíduos orgânicos urbanos para aterros e lixões, ampliar sua reciclagem, mitigar emissões de metano e gases de efeito estufa, e fortalecer iniciativas de compostagem municipal em larga escala.
“A compostagem realizada com catadores representa uma oportunidade estratégica para ampliar a reciclagem de resíduos orgânicos no Brasil, especialmente considerando que cerca de 90% da reciclagem de resíduos secos já é conduzida pelo trabalho dos catadores e catadoras. Ao integrá-los nesse processo, é possível promover uma transição justa na gestão de resíduos, com benefícios socioambientais relevantes”, explica Victor Argentino, coordenador de projetos da equipe de resíduos sólidos do Instituto Pólis.
“Além de reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa, a compostagem com participação ativa desses trabalhadores pode gerar de 5 a 10 vezes mais empregos do que os modelos tradicionais baseados em aterros sanitários e lixões”, completa Argentino.
Com o protagonismo dos catadores, o programa de coleta na cidade baiana inclui uma campanha de educação ambiental e comunicação comunitária: catadores estão sendo capacitados para dialogar diretamente com os moradores durante as coletas e materiais gráficos como cartilhas e banners foram desenvolvidos para apoiar a educação ambiental da população. As redes sociais da cooperativa também serão utilizadas para promover informação e engajamento popular.
Para o Instituto Pólis, o modelo adotado por Caetité demonstra que é possível implementar soluções circulares para a gestão de resíduos orgânicos municipal em larga escala, fortalecer a valorização e o protagonismo dos catadores de materiais recicláveis, desenvolver a economia local, bem como a participação da comunidade.
Atualmente, apenas a prefeitura de Florianópolis oferece a coleta seletiva de resíduos orgânicos no Brasil para os moradores. A diferença no modelo é que o serviço não é executado por catadores, mas por empresa pública.
Há ainda experiências públicas que trabalham com resíduos não-domésticos, como de feiras livres e mercados – em São Paulo, por exemplo. Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS) também têm programas pilotos ou limitados de coleta de orgânicos em bairros específicos. De forma privada, moradores de algumas cidades brasileiras podem pagar mensalmente pela recolha doméstica dos resíduos orgânicos.
Fonte: CicloVivo

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