
21/08/2025
Entre 1985 e 2024, o Brasil perdeu 111,7 milhões de hectares de áreas naturais: uma extensão maior que a da Bolívia. A conversão do território para uso agropecuário acelerou nas últimas quatro décadas, segundo dados da nova Coleção 10 de mapas lançada na última quarta-feira (13) pelo MapBiomas. Em média, foram 2,9 milhões de hectares perdidos por ano entre 1985 e 2024. No mesmo período, o número de municípios dominados pela agropecuária subiu de 47% para 59%.
Lançada em Brasília, a nova coleção marca os 10 anos de atividades desta iniciativa colaborativa de produção científica. Com 30 classes mapeadas, a edição deste ano inclui uma nova categoria, o mapeamento de usinas fotovoltaicas, que se expandiu pelo país entre 2015 e 2024, com 62% da área mapeada no país concentrada na Caatinga.
Entre vários insights, os dados apontam que todo esse processo de transformação, ao longo das últimas décadas, não se deu de maneira uniforme. “Até 1985 – ao longo de quase cinco séculos com diferentes ciclos da expansão da fronteira agrícola – o Brasil converteu 60% de toda área hoje ocupada pela agropecuária, mineração, cidades, infraestrutura e outras áreas antrópicas Já os 40% restantes dessa conversão ocorreram em apenas quatro décadas, de 1985 a 2024”, sintetiza Tasso Azevedo Coordenador Geral do MapBiomas.
“O auge dessa transformação foi entre 1995 e 2004, quando o desmatamento atingiu os maiores picos. Mas entre 2005 e 2014, registrou-se a menor perda líquida de florestas desde 1985. Essa tendência se inverteu nessa última década, que foi marcada por degradação, impactos climáticos e avanço agrícola”, enfatiza Julia Shimbo, coordenadora científica do MapBiomas e pesquisadora do IPAM.
Abaixo você confere as principais transformações das últimas quatro décadas.
1985 a 1994 – Década da expansão do desmatamento
No início da série histórica do MapBiomas, em 1985, o Brasil possuía 80% de seu território coberto por áreas naturais. Porém, de lá até 1994 foi registrado um aumento de 36,5 milhões de hectares de áreas antrópicas, impulsionado principalmente pela expansão de pastagens. Foi nesse decênio que 30% dos municípios registraram seu maior crescimento de área urbanizada.
1995 a 2004 – Década da expansão da agropecuária
O total de floresta suprimida foi superado na década seguinte, entre 1995 e 2004, quando a conversão de floresta para agropecuária totalizou 44,8 milhões de hectares no país. A expansão da pastagem sobre vegetação nativa atingiu seu pico neste período (com 35,6 milhões de hectares), que também testemunhou um crescimento da agricultura no Brasil, com 14,6 milhões de hectares. Na Amazônia, o aumento de áreas antrópicas foi de 21,1 milhões de hectares, consolidando o chamado “arco do desmatamento” com a maior conversão de vegetação nativa para pastagem no bioma.
2005 a 2014 – Década da redução do desmatamento e intensificação agrícola
Se em 1995, a cobertura de áreas naturais em todo o território brasileiro havia diminuído para 76%, em 2005 esse percentual era de 72%. Já a década que se desenrolou entre 2005 até 2014 destacou-se por apresentar o menor incremento de área antrópica em 40 anos (+17,6 milhões de hectares).
A terceira década da série histórica, entre 2005 e 2014, foi marcada pela redução da perda de vegetação nativa para classes antrópicas. Neste período, a perda líquida de área de vegetação nativa ficou em 17,1 milhões de hectares – o menor valor entre as quatro décadas. Desse total, 15,4 milhões de hectares eram de floresta (que inclui as classes: Formação Florestal, Formação Savânica, Floresta Alagável, Mangue e Restinga Arbórea). Foi nesta década que ocorreu a menor conversão de formação florestal em áreas antrópicas na Amazônia (7,7 milhões de hectares). Já no Cerrado, a região do MATOPIBA concentrou 80% do desmatamento para agricultura no bioma.
A matéria na íntegra pode ser lida no CicloVivo

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