
07/10/2025
Nos últimos anos, a seca deixou de ser uma preocupação apenas de agricultores ou comunidades de regiões áridas. Ela se tornou um fenômeno global, com impactos diretos na segurança alimentar, na saúde pública e na economia. Em 2023, quase metade da área terrestre mundial (48%) enfrentou pelo menos um mês de seca extrema, segundo o relatório Global Drought Outlook: Towards a drier world, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Isso significa que milhões de pessoas conviveram com a escassez de água em algum momento do ano.
Como pesquisador que atua em soluções baseadas na natureza, vejo esse quadro não apenas como uma estatística alarmante, mas como um chamado à ação. A crise climática tem intensificado os eventos de seca que – ao contrário de outras catástrofes naturais abruptas – é silenciosa e prolongada. Ela compromete lavouras inteiras, inviabiliza projetos de restauração e pode levar à morte plantas em larga escala. Quando falamos em crise hídrica, falamos em ameaça à vida como um todo.
Foi nesse contexto que, na Universidade Estadual de Londrina (UEL), começamos a investigar alternativas de baixo custo e ambientalmente seguras para aumentar a sobrevivência de mudas agrícolas e florestais. Uma dessas alternativas é o hidrogel biodegradável superabsorvente – popularmente conhecido como “água sólida”.
Hidrogéis são redes tridimensionais de polímeros com grande capacidade de absorver líquidos, como água, sem se dissolver. Dependendo de sua composição, podem reter de 10% a 100% do próprio peso seco ou volume em fluídos.
Aplicados ao solo, funcionam como pequenas esponjas: armazenam água em períodos chuvosos e a liberam gradualmente durante a estiagem, aumentando a resistência das plantas ao estresse hídrico. Esse efeito é especialmente importante para culturas sensíveis à seca ou em regiões de clima instável.
Os hidrogéis considerados superabsorventes são capazes de reter mais de 100% de seu peso em água. Eles podem ser de origem sintética, natural ou híbrida. Os sintéticos, em geral, têm maior capacidade de absorção e durabilidade, mas costumam ser não biodegradáveis e potencialmente poluentes. Já os naturais, produzidos a partir de polissacarídeos (como amido e quitosana) ou proteínas (como gelatina e colágeno), apresentam vantagens ambientais: são biodegradáveis, biocompatíveis e pouco tóxicos.
Porém, os polissacarídeos em sua forma natural não conseguem formar a rede necessária para manter a água retida. Para isso, são usadas substâncias químicas como o glutaraldeído – eficiente, mas tóxico e ambientalmente insustentável. Uma alternativa promissora é o uso de produtos naturais, como o ácido cítrico, que é renovável, biodegradável e não tóxico.
Apesar do interesse crescente por soluções verdes, a maioria dos hidrogéis disponíveis para agricultura ainda é sintética, não biodegradável. É nesse ponto que nossas pesquisas entram: desenvolver materiais biodegradáveis, sustentáveis e de baixo custo, capazes de oferecer desempenho comparável ou superior.
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