
30/10/2025
Secas prolongadas, enchentes catastróficas, frequentes ondas de calor. O Brasil e o mundo têm sofrido com eventos extremos intensificados pelas mudanças climáticas. Como resposta a tal urgência, o MapBiomas e a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, usando tecnologia do Google Cloud, unem suas expertises para a criação de uma plataforma que mapeia riscos climáticos e propõe soluções de adaptação e resiliência urbana.
Batizada de Plataforma Natureza ON, a iniciativa permite que qualquer pessoa possa consultar o nível de vulnerabilidade de uma rua, bairro, território, município ou bacia hidrográfica. Além disso, a ferramenta sugere Soluções Baseadas na Natureza (SBN), que contempla iniciativas que aproveitam a própria natureza, como arborização, parques lineares, renaturalização de rios, restauração de ecossistemas costeiros, sistemas naturais de drenagem, entre outros, para reduzir riscos climáticos, melhorar a qualidade de vida da população e contribuir com a conservação da biodiversidade.
Essa preocupação é reforçada por dados recentes que evidenciam o agravamento dos impactos climáticos no país. De acordo com estudo da Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica, em parceria com a Fundação Grupo Boticário, os desastres climáticos aumentaram 250% no início desta década (2020–2023), em comparação com os registros da década de 1990. Segundo os pesquisadores, para cada aumento de 0,1°C na temperatura média global do ar, ocorreram 360 novos desastres climáticos no Brasil.
Com três níveis de recorte – setor censitário, município e bacia hidrográfica – todo o território brasileiro está mapeado na plataforma. Deslizamento, inundação, segurança hídrica, uso e ocupação do solo são os principais indicadores do sistema. Em uma área com risco de inundações, por exemplo, podem ser recomendadas estratégias para aumentar a permeabilidade do solo, como jardins de chuva, telhados verdes e biovaletas. Em alguns casos, também podem ser recomendadas lagoas de retenção, parques alagáveis ou a criação de parques lineares nas margens dos rios.
Segundo André Ferretti, gerente sênior de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário, o sistema foi criado para ser intuitivo, pensado para ser usado por qualquer pessoa. “Ao entrar, a plataforma já identifica a localização e, inserindo CEP ou cidade, mostra as informações principais. As estatísticas e explicações das soluções aparecem prontas, com desenhos e casos reais que facilitam o entendimento. A ideia é tornar tudo simples, visual e acessível, aproximando as pessoas das soluções na prática”, diz.
O sistema também oferece informações relevantes para a iniciativa privada e pesquisadores. Entre possíveis usos, imagine que empresas e investidores possam avaliar riscos de localização e operação antes de abrir um negócio ou que um cidadão entenda o grau de vulnerabilidade climática de determinada região antes de comprar um imóvel ou mudar de cidade.
Para além de munir a sociedade com dados acessíveis, atualizados e orientados à ação, as funcionalidades da plataforma podem influenciar a condução de planejamentos urbanos resilientes e contribuir com a criação de planos de prevenção a desastres naturais, afinal, a adaptação climática é uma ação local, uma vez que os impactos e soluções variam conforme o relevo, tipo de solo e uso do território.
Todo o código-fonte é aberto e gratuito, permitindo o uso e aprimoramento por qualquer entidade interessada. Aliás, uma das ideias é justamente popularizar o acesso a ferramentas de mapeamento ambiental, tornando-as acessíveis e customizáveis para governos locais, universidades e ONGs. Desta forma, estados ou prefeituras poderiam, por exemplo, criar suas próprias plataformas, adaptando-se a diferentes temas ou regiões.
A reportagem na íntegra pode ser lida no CicloVivo
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