
30/10/2025
A poluição do ar é amplamente reconhecida como uma ameaça à saúde pública, mas um novo estudo mostra que seu impacto vai muito além dos hospitais e consultórios médicos. Pesquisadores descobriram que o ar poluído pode aumentar significativamente o risco e a gravidade de acidentes de trabalho, especialmente em setores industriais, como mineração e construção civil.
A pesquisa foi conduzida pelo Dr. Ning Zhang, da Universidade Yonsei (Coreia do Sul), em colaboração com o Dr. Zaikun Hou (Universidade de Shandong) e o Dr. Huan Chen (Universidade de Cambridge), e publicada na revista científica Energy Economics.
Analisando 20 anos de dados (2000–2020) sobre acidentes industriais, os pesquisadores compararam cada ocorrência com os níveis locais de poluição do ar e informações meteorológicas. Ao usar inversões térmicas (fenômenos que prendem poluentes próximos ao solo) como variável instrumental, o estudo conseguiu estabelecer uma relação causal entre partículas finas (PM2.5) e acidentes de trabalho.
Os resultados impressionam: a duplicação da concentração de PM2.5 está associada a um aumento de 2,6 vezes no risco de acidentes, 37% mais fatalidades e 51% mais vítimas. Os setores mais afetados foram mineração de carvão e construção civil.
O impacto financeiro também é significativo — estima-se que os acidentes relacionados à poluição do ar custem entre US$ 4,9 bilhões e US$ 10,1 bilhões à sociedade.
“A poluição do ar pode aumentar significativamente a ocorrência e a gravidade de acidentes de responsabilidade civil em todos os setores”, afirma o Dr. Zhang. “Esses resultados ampliam o custo social da poluição, revelando um impacto oculto sobre a segurança e a economia.”
Os achados do estudo se somam a uma tendência crescente na pesquisa global. Um artigo publicado em 2025 no Journal of Public Economics, assinado por Victor Lavy e colegas, também confirmou que a poluição do ar eleva os riscos de acidentes no ambiente de trabalho.
Essas descobertas reforçam o alerta de que a qualidade do ar deve ser tratada como um fator-chave na segurança ocupacional.
Medidas práticas para reduzir riscos
O estudo recomenda ações preventivas que podem ser adotadas por empresas e governos durante períodos de poluição intensa, incluindo:
★ Fornecimento de máscaras e purificadores de ar;
★ Melhoria da ventilação em ambientes fechados;
★ Alertas de segurança antecipados;
★ Reprogramação de tarefas de alto risco;
★Ajustes temporários nos turnos de trabalho.
Os autores destacam que protocolos de segurança mais rigorosos devem ser aplicados durante episódios de neblina ou alta concentração de poluentes, a fim de proteger os trabalhadores e reduzir acidentes.
De acordo com o Dr. Zhang, as descobertas podem orientar políticas integradas de segurança ambiental e ocupacional nos próximos anos.
“Em cinco a dez anos, nossas conclusões poderão apoiar políticas que unam a regulamentação ambiental aos padrões de segurança no trabalho, incorporando indicadores de qualidade do ar nos sistemas de gestão de riscos e seguros”, explica.
Essas mudanças significariam ambientes de trabalho mais seguros, ar mais limpo e comunidades mais resilientes.
Embora o estudo reconheça limitações, como possíveis subnotificações de acidentes e o foco em exposição de curto prazo, os pesquisadores ressaltam que suas evidências – baseadas em duas décadas de dados – indicam de forma robusta que a poluição do ar é também uma questão de segurança no trabalho, não apenas um problema de saúde pública.
Fonte: CicloVivo
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