
14/10/2025
Uma das famílias de plantas mais abundantes na amazônia, as palmeiras (Arecaceae) têm capacidade de armazenar duas vezes mais água do que as árvores dicotiledôneas –grupo de plantas como o ipê, o mogno e o eucalipto, com flores cujas sementes contêm dois cotilédones, que são as primeiras "folhas" do embrião e servem como fonte de alimento.
A existência delas e de outras espécies de plantas associadas a climas úmidos, contudo, está ameaçada devido às mudanças que têm ocorrido no ciclo hidrológico da floresta amazônica.
As constatações têm sido feitas por meio de estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Rio Claro, no âmbito do Centro de Pesquisa em Biodiversidade e Mudanças Climáticas (CBioClima) –um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Alguns resultados preliminares dos trabalhos em andamento foram apresentados em palestra durante o Fórum Brasil-França "Florestas, Biodiversidade e Sociedades Humanas", que aconteceu entre os dias 1º e 2 de outubro.
Organizado pelo Museu Nacional de História Natural da França, em Paris, pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Fapesp, o objetivo do evento foi discutir a biodiversidade florestal, os ecossistemas e suas relações com as sociedades humanas, do passado e do presente.
"As palmeiras são grandes reservatórios ou caixas d’água da floresta", disse Thaise Emilio, professora da Unesp, coordenadora do projeto e pesquisadora associada ao CBioClima.
A despeito de ser apenas uma entre 171 famílias de plantas arborescentes na amazônia, diz a cientista, as palmeiras são extremamente dominantes na floresta, tanto no dossel como no sub-bosque.
Uma das hipóteses para explicar por que dominam a paisagem da floresta é que podem ter sido domesticadas pelas primeiras populações humanas que ocuparam e manejaram a amazônia há milhões de anos.
"Há dúvidas, porém, se foram os humanos que enriqueceram a amazônia com palmeiras ou se eles decidiram viver na floresta justamente por possuírem essas plantas tão abundantes e úteis, que têm grande importância econômica", ponderou.
Aproximadamente 75% da produção brasileira de produtos florestais não madeireiros hoje é proveniente de palmeiras, sendo 50% só do açaí (Euterpe oleracea), sublinhou a pesquisadora.
Por muito tempo se pensou que as palmeiras fossem extremamente vulneráveis à seca em razão de sua arquitetura hidráulica.
A fim de avançar no conhecimento sobre essa questão, a pesquisadora iniciou em 2017 uma colaboração com colegas do Soleil Síncrotron, de Paris, e da Universidade de Bordeaux, em que analisaram a resistência do xilema (tecido vascular responsável por transportar água e sais minerais das raízes para o resto da planta, especialmente para as folhas) de palmeiras à embolia induzida pela seca.
Esse quadro é caracterizado pela formação de bolhas de ar dentro dos vasos do xilema, interrompendo a coluna de água e o transporte do recurso hídrico e de nutrientes do solo para as folhas. Isso acontece quando o estresse hídrico (a falta de água) cria uma pressão negativa tão grande que a água líquida vira gás, prejudicando a função dos vasos e podendo levar à morte da planta.
Por meio de diferentes técnicas, os pesquisadores quantificaram a resistência à seca de seis espécies de palmeiras pertencentes às duas subfamílias mais amplamente cultivadas: a Arecoideae e a Coryphoideae.
As observações foram conduzidas em uma das linhas de feixe do Soleil Síncrotron –acelerador circular de partículas carregadas (elétrons) que gera uma radiação, chamada de luz síncrotron, que permite investigar a composição e a estrutura da matéria na escala dos átomos e das moléculas.
Saiba mais na Folha de S. Paulo

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