
27/11/2025
Pesquisadores brasileiros apresentaram na COP30, em Belém (PA), um novo mecanismo de crédito de carbono baseado na recuperação de áreas degradadas de florestas tropicais, e que pretende colocar as florestas no centro das estratégias de mitigação das mudanças climáticas.
O Mecanismo de Reversão de Desmatamento (RDM na sigla em inglês) quer preencher uma lacuna deixada pelos dois modelos financeiros de preservação das florestas tropicais criados até hoje: o Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (chamado de Redd+) e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês).
O Redd+ remunera os créditos de carbono gerados a partir da redução no desmatamento, que é um grande emissor de carbono. Já o TFFF, apresentado há poucos meses pelo Brasil, foi pensado como um fundo de renda fixa que remunera a conservação de florestas, que são reservatórios naturais de carbono.
O RDM, por sua vez, aposta na restauração florestal como uma solução eficiente para capturar carbono no curto prazo e a baixo custo, gerando créditos de carbono.
"O RDM foca justamente nesse elemento da agenda de florestas que está meio que descoberto, mas que melhor contribui para a agenda do clima porque captura carbono, enquanto o TFFF e o Redd+ almejam parar de gerar danos na atmosfera via emissões", explica o economista Juliano Assunção, diretor do Climate Policy Initiative (CPI/PUC-Rio), que coordenou a proposta.
"Neste momento em que a gente está falhando de maneira inacreditável na mitigação, e as emissões de carbono só aumentaram desde o Acordo de Paris, exceto por um pequeno soluço durante a pandemia, a restauração das florestas tropicais em escala é muito necessária", avalia.
Para ele, é preciso "reenquadrar o papel das florestas na agenda de clima". "Elas não são apenas vítimas ou uma ameaça, mas são parte do conjunto de soluções", afirma.
Assunção é também coautor do estudo que está na origem do RDM, realizado em parceria com o Nobel de Economia Lars Peter Hansen (Universidade de Chicago) e o economista José Alexandre Scheinkman (Universidade Columbia), conselheiro da COP30.
O estudo avaliou o uso da terra na floresta amazônica brasileira a partir do avanço do desmatamento para fins de agropecuária e o impacto que o reflorestamento dessas áreas pode ter na absorção de carbono.
A partir daí, os economistas calcularam o valor da tonelada de carbono líquido (aquele capturado menos o quanto foi emitido) capaz de tornar financeiramente mais atrativo reflorestar o território do que utilizá-lo, desmatado, para a agropecuária.
A proposta do RDM extrapola essa lógica para todas as 91 florestas tropicais mapeadas a partir de informações de satélites. Esses países possuem juntos 1,27 bilhão de hectares de florestas tropicais, que armazenam 593 gigatoneladas de carbono equivalente (GtCO2), o que corresponde a cerca de um terço das emissões históricas de carbono.
Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo (RDC) são os países que possuem as maiores coberturas de florestas tropicais do mundo, nesta ordem.
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