
02/12/2025
Após a confirmação de que as 11 ararinhas-azuis soltas na natureza estão infectadas com um vírus letal, a chance de o diagnóstico se repetir em todas as mais de 100 aves no cativeiro de Curaçá (BA) é muito alta, disse nesta segunda-feira (1º) à Folha o médico veterinário André Grespan, presidente da Abravas (Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens).
"A transmissão do circovírus é facilitada porque ele é muito infeccioso", afirma Grespan. "O funcionário que trata os animais doentes leva o vírus pra lá e pra cá. Por isso a chance de as outras ararinhas estarem infectadas é, infelizmente, muito alta. O local [em Curaçá] não foi feito para conter esse vírus", diz o veterinário.
No último dia 25, o governo federal confirmou que todas as aves que estavam na natureza e foram recapturadas tiveram testes positivos para o circovírus, patógeno que causa a doença do bico e das penas em psitacídeos —araras, papagaios e periquitos. A enfermidade não tem cura e acaba por matar os animais na maioria dos casos. O vírus não representa perigo para humanos ou aves de produção, como galinhas.
Junto à confirmação do contágio, o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente responsável pela emergência sanitária, aplicou uma multa de R$ 1,8 milhão contra a empresa que administra o cativeiro e seu dono, Ugo Vercillo.
A autoridade ambiental disse ter identificado falhas graves de biossegurança no local, incluindo recintos sujos e com fezes acumuladas e funcionários que trabalhavam de chinelo de dedo, bermuda e camiseta, sem equipamentos de proteção adequados.
Em nota, a empresa Criadouro Ararinha-azul diz que 98 das 103 ararinhas em cativeiro em Curaçá estão saudáveis, questiona o resultado dos testes e diz rejeitar com veemência acusações de negligência.
"A instituição segue protocolos rígidos de biossegurança e bem-estar animal e conta com instalações e equipamentos adequados ao manejo das aves", diz a nota. A empresa "contesta ainda a informação de que ´as últimas ararinhas-azuis na natureza´ estariam sob risco iminente em razão do circovírus".
"Até 2019, não havia nenhuma ararinha na caatinga. Com a construção do criadouro, 101 aves foram trazidas para o bioma. Hoje (...) há 103 ararinhas-azuis [no criadouro], sendo 98 com exames negativos para o vírus e 5 com detecção de circovírus em ao menos um exame."
As aves vieram da Alemanha, onde fica a ACTP (Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados, em inglês), ONG que já teve posse de 90% de todas as ararinhas-azuis no mundo e que fez transações milionárias com essas aves na Europa, como a Folha mostrou em junho.
O ICMBio afirma que, em janeiro de 2025, uma ave que foi enviada ao Brasil pela ACTP teve um teste positivo para circovírus. A informação foi publicada primeiro no site especializado Mongabay. A ACTP disse ao site que se tratou de um falso positivo e que, quando houve um resultado negativo, a ave recebeu permissão para viajar.
Sobre esse caso, a Criadouro Ararinha-azul diz que "todos os requisitos para a importação das aves foram atendidos pelo criadouro e acompanhados pelos órgãos responsáveis", e que a ararinha em questão nunca teve contato com os animais hoje contaminados.
A empresa questiona ainda os diagnósticos positivos divulgados pelo ICMBio no último dia 25, afirmando que métodos diferentes empregados pelos laboratórios em questão, o da USP e do Ministério da Agricultura e Pecuária, obtiveram resultados distintos.
A matéria na íntegra pode ser lida na Folha de S. Paulo
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