
18/12/2025
O Ártico viveu seu ano mais quente desde o início dos registros, em 1900, informou nesta terça-feira (16) a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa, na sigla em inglês). A agência americana descreve um cenário alarmante nessa região do mundo especialmente afetada pelo aquecimento global.
De 2024 a setembro de 2025, as temperaturas no Ártico ficaram 1,6°C acima da média registrada de 1991 a 2020, indica o relatório anual.
Coautor do estudo, Tom Ballinger, da Universidade do Alasca, disse à AFP que esse rápido aquecimento da região em um período tão curto é "certamente alarmante".
A tendência é "aparentemente inédita em tempos recentes e talvez há milhares de anos", acrescentou.
A análise da Noaa deste ano inclui o outono mais quente do Ártico, além do segundo inverno e do terceiro verão mais quentes desde 1900.
Essa região que engloba o polo Norte é afetada pelo fenômeno chamado "amplificação do Ártico", que faz com que ela se aqueça mais rápido do que as latitudes médias. Esse mecanismo se deve a diversos fatores, como a perda da cobertura de neve e gelo marinho.
O aumento das temperaturas eleva, por exemplo, a presença de vapor d´água na atmosfera, que atua como uma manta ao absorver o calor e impede que ele seja liberado para o espaço.
Ao mesmo tempo, a perda do gelo marinho brilhante e refletivo deixa expostas as águas oceânicas mais escuras, que absorvem mais calor do sol.
Cientistas do NSIDC, organização que reúne dados sobre neve e gelo, estimaram que a banquisa --gelo formado pelo congelamento dos mares polares-- atingiu sua superfície máxima em março, com 14,33 milhões de km², a menor em 47 anos de monitoramento por satélite.
Isso representa um "problema imediato para os ursos-polares, as focas e as morsas, porque eles usam o gelo como plataforma para se deslocar, caçar e dar à luz seus filhotes", disse à AFP o coautor do estudo Walt Meier, do NSIDC.
As projeções sugerem que o Ártico pode viver seu primeiro verão praticamente sem gelo marinho em 2040, ou até antes.
A perda da banquisa também perturba a circulação oceânica ao injetar água doce no Atlântico Norte, devido ao derretimento do gelo e ao aumento das precipitações.
Embora o derretimento do gelo marinho não eleve diretamente o nível dos oceanos, ao contrário do degelo em terra, como o das geleiras, ele provoca inúmeras consequências climáticas que ameaçam muitos ecossistemas.
Esse degelo também intensifica o aquecimento climático porque, ao reduzir sua superfície, deixa exposto o oceano que, mais escuro que o gelo, reflete menos e absorve mais energia solar.
Segundo pesquisas, o Ártico se aquece mais rápido do que o restante do planeta, o que reduz a diferença de temperaturas que ajudam a manter o ar frio próximo aos polos e, como consequência, faz com que ondas de frio glacial se estendam com mais frequência para latitudes mais baixas.
As precipitações na região também atingiram um recorde de outubro de 2024 a setembro de 2025, período conhecido como "o ano da água" e classificado entre os cinco mais chuvosos desde 1950.
Essas temperaturas mais elevadas e o clima mais úmido impulsionam a "borealização", um fenômeno ecológico que provoca o avanço da vegetação na tundra ártica.
Em 2025, a média do verdor máximo da tundra circumpolar foi a terceira mais alta em 26 anos de registros por satélite.
O degelo do permafrost, a camada do solo permanentemente congelada, libera ferro no oceano e é responsável, entre outros efeitos, pelo fenômeno dos "rios oxidados".
O relatório identificou mais de 200 riachos e rios descoloridos ou alaranjados, um sinal da degradação da qualidade da água que contribui para a perda da biodiversidade aquática.
Fonte: Folha de S. Paulo
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