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Startup e cooperativa de reciclagem vão transformar resíduos plásticos da COP30 em bancos de praça

21/10/2025

Uma parte do plástico descartado em eventos da COP30, a 30ª conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, será transformada em tijolos, lixeiras e bancos de praça. A Concaves, Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis sediada em Belém, se prepara para reaproveitar os resíduos da cúpula e evitar que sejam destinados a aterros ou incineradores.
Além de vender o material coletado a empresas de reciclagem, a cooperativa vai processar mensalmente até 7 toneladas de variedades de plástico que despertam pouco interesse comercial. A iniciativa é uma parceria com a startup paraense FlexStone.
Os resíduos serão transformados em britas ecológicas, pequenas pedras artificiais que substituem a matéria-prima de origem mineral na construção civil e podem ser usadas para fabricar diversos produtos.
"É a realização de toda a união e o esforço dos cooperados para que isso se torne realidade e mostrar para a população de Belém que a coleta seletiva é rentável e é um bom negócio para a cidade", afirma o catador Jonas de Jesus, 57, na cooperativa há 22 anos.
As máquinas da startup aceitam qualquer cor e tipo de plástico. O sistema usa temperatura e pressão elevadas para moldar o material, sem envolver queima ou água. A tecnologia está patenteada e foi desenvolvida ao longo de cinco anos em parceria com a UFPA (Universidade Federal do Pará). Por enquanto, a operação é exclusiva da Concaves.
"Para nós que estamos na região amazônica, é uma solução essencial, porque já temos uma grande dificuldade logística para comercializar o plástico", diz Débora Baía, presidente da cooperativa.
A reciclagem do material é um empecilho. Ela afirma que o resíduo direcionado para a fabricação das britas ecológicas antes era enviado a aterros de Belém, por falta de interesse comercial.
"Já mostramos que a tecnologia é rentável e sustentável. Nosso intuito é colocar o maquinário para funcionar o quanto antes em ilhas remotas e favelas. A gestão é local e descentralizada", diz Rodrigo Huhn, diretor da FlexStone. Ele afirma que busca financiamento em editais e vai submeter um projeto à Lei de Incentivo à Reciclagem.
Baía estima que a maior parte do plástico coletado durante a COP30 virá da Cúpula dos Povos, evento paralelo da sociedade civil marcado para acontecer na UFPA de 12 a 16 de novembro, com público esperado de 15 mil pessoas. A Freezone, espaço que receberá apresentações culturais e uma área gastronômica, também deve gerar resíduos.
O uso de plástico na cúpula oficial da ONU será limitado. A organização da conferência afirma que as embalagens descartáveis serão compostáveis, feitas de bioplásticos de origem vegetal ou fibras naturais.
Segundo a presidente da Concaves, a expectativa é coletar 2 milhões de latinhas de alumínio nas zonas verde e azul da COP30. A entidade se organiza para trabalhar em mais de um turno, com rodízio de trabalhadores, para processar os materiais 24 horas por dia.
A cooperativa vai atuar em parceria com a Prefeitura de Belém na gestão dos resíduos do evento. Outras organizações, como a Associação dos Recicladores das Águas Lindas, a cooperativa Filhos do Sol e a Associação de Trabalho dos Catadores da Coleta Seletiva de Belém, compõem a força-tarefa.
A sede da Concaves, com 3.000 m2, fica próxima à travessia Belém-Arapari e está em reforma para ampliar a triagem e o processamento dos resíduos da conferência. A obra é financiada pela Itaipu Binacional e deve terminar até o final de outubro. Após as melhorias, a organização terá capacidade para destinar 300 toneladas de materiais recicláveis por mês.
A Concaves tem 22 cooperados e atende 20 mil belenenses com coleta seletiva. Segundo a própria entidade, em 2024 foram recicladas 469 toneladas de papel, 274 de plástico, 165 de metal e 84 de vidro.
Desde a fundação em 2005, mais de 150 pessoas passaram pela cooperativa. Seis se formaram no ensino superior e oito foram contratadas por empresas de reciclagem.
A catadora Adriana Fonseca, na Concaves há oito anos, afirma que a organização está mudando a percepção da sociedade de Belém sobre a reciclagem.
"Quando a gente começou a ir para a rua, as pessoas passaram a nos ver como catadores uniformizados, com crachá, mostrando um trabalho profissional de qualidade. Isso foi gerando confiança na população, de saber que a gente vai passar todas as semanas para coletar os resíduos. Criou um compromisso e um vínculo com o cidadão", diz.
Baía afirma que a criação da cooperativa trouxe mais dignidade aos trabalhadores. "Antes, como catadora, eu sempre dizia: ‘Quero que a minha filha estude, porque eu não quero ver ela na catação’. Hoje, eu digo o contrário. A minha filha está estudando, se tornando técnica em meio ambiente, e eu espero, sim, que ela esteja na Concaves."

Fonte: Folha de S. Paulo

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