
30/10/2025
Os países em desenvolvimento precisarão de mais de US$ 310 bilhões por ano até 2035 para se adaptar aos efeitos cada vez mais intensos da crise climática.
Mas, em 2023, o financiamento internacional para essa finalidade somou apenas US$ 26 bilhões, uma queda em relação ao ano anterior.
Os dados fazem parte de um relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) às vésperas da COP30, que será realizada em Belém, em novembro.
O documento alerta que o planeta está entrando em uma fase perigosa: enquanto as temperaturas globais batem recordes, o dinheiro para enfrentar os impactos do clima está diminuindo.
“Os impactos climáticos estão se acelerando. No entanto, o financiamento para adaptação não está acompanhando o ritmo, deixando as pessoas mais vulneráveis do mundo expostas ao aumento do nível do mar, tempestades mortais e calor escaldante”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Para ele, “a adaptação não é um custo, é uma tábua de salvação. Fechar essa lacuna é a forma de proteger vidas e promover justiça climática”.
O relatório também confirma que a promessa feita em Glasgow, durante a COP26, de dobrar o financiamento para adaptação até 2025 não será cumprida.
Mesmo após compromissos sucessivos, os recursos destinados a países em desenvolvimento continuam muito abaixo do necessário.
Segundo o PNUMA, a desigualdade climática se amplia: as nações que menos contribuíram para o aquecimento global são as que mais sofrem com seus efeitos e têm menos meios para reagir.
A diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen, reforçou o alerta: “Precisamos de um impulso global para aumentar o financiamento da adaptação, sem ampliar o peso da dívida dos países pobres. Mesmo em tempos de restrição orçamentária, se não investirmos agora, os custos crescerão a cada ano”.
Por um lado, o relatório reconhece, contudo, que há avanços no planejamento. Hoje, 172 países já têm políticas ou planos nacionais de adaptação, mas 36 estão desatualizados há mais de dez anos.
Há ainda lacunas de monitoramento: poucos governos conseguem medir se as ações estão, de fato, reduzindo riscos ou protegendo populações.
Em muitos casos, medidas consideradas “de adaptação” acabam reforçando desigualdades ou criando novas vulnerabilidades, alerta a ONU.
O PNUMA destaca inclusive ique o financiamento internacional também enfrenta um impasse. Em 2024, os principais fundos climáticos, como o Fundo Verde para o Clima e o Fundo de Adaptação, liberaram quase US$ 920 milhões para novos projetos, o valor mais alto da série histórica.
Mas o relatório adverte que esse aumento é pontual e pode ser revertido por cortes fiscais e instabilidade econômica.
Mesmo com esses recursos extras, o volume global segue muito aquém das necessidades, especialmente nas regiões mais afetadas da África, da Ásia e dos pequenos Estados insulares.
A nova meta global de financiamento climático, aprovada na COP29, em Baku, prevê mobilizar ao menos US$ 300 bilhões por ano até 2035 para mitigação e adaptação.
A leitura desta reportagem pode ser concluída no g1
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