
25/11/2025
Sem citar o chamado "mapa do caminho", novas versões de rascunhos dos textos finais da COP30 foram publicadas neste sábado (22).
Os textos refletem o ambiente de disputas entre governos que marcou a COP30, onde os negociadores preservaram consensos mínimos em um cenário de divergências profundas. Especialistas apontaram avanços pontuais e falta de ambição no rascunho final.
Os documentos serão analisados pelos representantes dos 195 países, e precisam ser aprovados por unanimidade na plenária que vai marcar o fim da conferência. A reunião foi marcada inicialmente para 10h e depois adiada por duas vezes.
As discussões avançaram pela madrugada e foram encerradas somente na manhã de sábado, pouco depois das 8h.
Em declaração ao site Amazon Vox nos corredores da Blue Zone, o presidente da COP, André Corrêa do Lago, antecipou que o chamado "mapa do caminho" (roadmap) para o fim do uso dos combustíveis fósseis não seria incorporado aos textos, mas que a iniciativa não será abandonada.
"Roadmap vai ser uma iniciativa da presidência brasileira. [...] Não fica no texto", afirmou André Corrêa do Lago.
Ao todo, serão analisados 17 documentos na plenária final. Veja abaixo os principais temas e destaques:
MUTIRÃO
A nova versão do texto batizado "Mutirão Global: Unindo a humanidade em uma mobilização global contra a mudança do clima" não introduz informações ao documento já divulgado na sexta (21), apenas acrescenta ligeiros ajustes formais e de clareza textual. Não há menção ao "mapa do caminho", como pontuado pelo presidente da COP, e sequer citação aos combustíveis fósseis. O texto que será levado a plenário apenas afirma:
"Reconhece que a transição global para diminuir as emissões dos gases de efeito estufa e o desenvolvimento resiliente ao clima é irreversível e tendência do futuro".
Por outro lado, o Mutirão cria novas instâncias de trabalho que ainda não respondem às questões centrais da conferência. O rascunho apresenta um acelerador de implementação, que reúne ofertas de apoio para ajudar países a avançar na execução de suas metas, e a Missão Belém para 1,5°C, organizada como um relatório coletivo a ser entregue na próxima COP.
Nos dois casos, o texto descreve iniciativas de caráter voluntário e sem definição de metas ou prazos obrigatórios.
Na prática, essas estruturas ampliam a agenda de cooperação e organizam debates que devem continuar ao longo de 2026. Elas reúnem países e instituições para identificar caminhos possíveis, mas ainda não estabelecem compromissos específicos sobre financiamento, adaptação ou redução de emissões.
Por outro lado, o Mutirão incorpora referências sociais que raramente aparecem de forma tão clara nas decisões da COP. O texto reconhece a atuação de povos indígenas, pessoas afrodescendentes, comunidades locais, mulheres, crianças, jovens e outros grupos que vivem em maior vulnerabilidade climática.
A decisão registra que esses públicos têm papel direto na proteção de territórios e no enfrentamento de impactos, e que seus direitos e conhecimentos devem ser levados em conta na implementação das políticas climáticas.
O documento, porém, não define como essa inclusão será traduzida em ações específicas nos próximos anos.
O texto também prevê triplicar o financiamento para adaptação até 2035, um prazo mais distante que o previsto no rascunho anterior, e volta a cobrar que os países executem plenamente suas metas climáticas (as chamadas NDCs), sem indicar novos instrumentos para garantir essa entrega.
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